terça-feira, 31 de maio de 2011

Na série ‘A mulher invisível’,Selton Mello estreia como diretor de TV

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RIO – Sim, existe um exemplar perfeito do sexo feminino. Pelo menos na imaginação de Pedro, personagem que Selton Mello volta a interpretar na série “A mulher invisível”. Versão para a TV do filme homônimo de Claudio Torres, de 2009, a comédia romântica estreia nesta terça-feira, na Globo, depois de “Tapas & beijos”. E marca a estreia de Selton como diretor da TV. Ator e cineasta, ele comanda as gravações do quinto e último episódio do novo seriado antes de lançar, no próximo semestre, seu segundo longa-metragem, “O palhaço”.
- Este foi um atrativo para mim – assume o ator, em entrevista à Revista da TV durante um dos intervalos das gravações do programa, no Polo Rio de Cine e Vídeo, na Barra da Tijuca.
Além de Selton, Carolina Jabor e Claudio Torres também assumem a direção dos episódios da série, primeira coprodução entre a Globo e a Conspiração Filmes. Com redação final de Mauro Wilson, “A mulher invisível” traz ainda Luana Piovani e Débora Falabella.
Tenho vontade de dirigir outros seriados e até uma novela. Por que não? Hoje, consigo entender o que se passou na cabeça de um Dennis Carvalho ou de um Daniel Filho, que foram para trás das câmeras anos atrás
- Tenho vontade de dirigir outros seriados e até uma novela. Por que não? Poderia ser o terceiro diretor. Hoje, consigo entender o que se passou na cabeça de um Dennis Carvalho ou de um Daniel Filho, que foram para trás das câmeras anos atrás – empolga-se o ator, que se autoproclama um “veterano jovem”. – Confesso hoje em dia gostar mais de dirigir do que de atuar. Por desejo, vou cada vez mais cair nessa área e trabalhar menos como ator. Comecei criança e tenho 38 anos. É natural experimentar outras coisas. Com 10 anos de idade eu já estava na Globo e tinha duas novelas nas costas – diz.
Em “A mulher invisível”, o público poderá ver Selton novamente em um papel cômico. Romântico incorrigível, Pedro enxerga na figura da linda, loura, compreensiva e imaginária Amanda (Luana Piovani) um aditivo para a sua vida sexual com Clarisse (Débora Falabella), sua mulher de carne e osso.
- Primeiro, a Clarisse diz para o Pedro mandar a mulher invisível embora. Mas o casamento dos dois fica muito ruim. Amanda é a pimenta – explica o protagonista.
No longa, Pedro começa a ter alucinações com Amanda – a beldade que faxina sua casa usando apenas calcinha e sutiã e ainda por cima entende tudo de futebol – depois de levar um fora da mulher e ver sua vida entrar em colapso. Na TV, o personagem recorre novamente à imaginação quando seu casamento com Clarisse cai na rotina.
- A série se passa mais ou menos seis anos depois da história do filme. Pedro se divide entre as duas mulheres. A trama tem o seu parentesco com “Dona Flor e seus dois maridos”, mas acho que está mais para “Aline” – compara o ator, citando o seriado protagonizado por Maria Flor, Pedro Neschling e Bernardo Marinho.
Longe das novelas desde “A força de um desejo” (1999), Selton diz não ter absolutamente nada contra os folhetins. Embora tenha priorizado o cinema na última década, nunca se afastou da TV por longos períodos. No ano passado, esteve no ar na elogiada série “A cura”.
- Claro que eu me imagino fazendo uma novela depois de todo esse tempo. Afinal, foi essa a minha escola. Aprendi a atuar gravando 25 cenas por dia – conta o ator, que destaca o Vítor, de “Tropicaliente” (1994), e o Emanuel Faruk, de “A indomada” (1997), como seus personagens prediletos.
No elenco de dois filmes ainda inéditos nas salas de exibição – “Billi pig”, rodado este ano, e “Reis e ratos” -, Selton afirma que, apesar de todo o sucesso e reconhecimento proporcionado pelo cinema, é na televisão que ele tem a possibilidade de falar com grandes plateias.
- Quantas vezes eu fiz um esforço quase romântico para viabilizar um filme, como “O cheiro do ralo” (produzido e estrelado por ele), e a bilheteria não passou dos 200 mil espectadores. Um episódio de “A cura” dava 15 pontos e era visto por 15 milhões de pessoas – pondera.
Discreto em relação à sua vida privada, Selton acredita que “mineiro já nasce low profile”. O ator, que assumiu ter passado por uma depressão em 2009 quando decidiu parar de tomar os remédios para emagrecer que usava há anos, garante viver atualmente “sem grande paranoias”.
- Deveria até ser mais vaidoso, mas gosto de comer doce e vivo engordando e emagrecendo. Envelhecer é bom. Eu estou desde criança nesse negócio e o público gosta de acompanhar. Assumo meus cabelos brancos com orgulho. Já vieram perguntar seu eu tinha feito esse cabelo para a série – ri, mostrando os fios mais claros.
Telespectador eclético, o ator é fã tanto de Katiuscia Canoro, a Lady Kate do “Zorra total”, quanto das séries produzidas pelo canal HBO como “Família Soprano” e “A sete palmos”. Agora, ele também se diz “vidrado” nas reprises do Canal Viva. Chegou a passar alguns dias dormindo mais tarde para acompanhar “Vale tudo”, ainda no ar:
- Acompanho também “A escolinha do Professor Raimundo”. Queria rever novelas antigas como “Estúpido cupido”, “Saramandaia” e “O casarão”.
Da atual safra, Selton destaca “Cordel encantado”:
- As tramas tinham uma assinatura. Antes, uma novela do Cassiano Gabus Mendes era uma novela do Cassiano Gabus Mendes. Hoje, com a autoria diluída entre autores e vários colaboradores, ficou tudo com a mesma cara.
Apesar dos planos de voltar à TV como diretor, o único compromisso de Selton até o fim deste ano é o lançamento do seu segundo filme – o primeiro foi “Feliz Natal”, de 2008.
- Eu sempre acabo inventando uma coisa nova para fazer. Mas é sempre um risco. Você nunca tem tanta certeza assim sobre as suas decisões – admite.

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